Por que quando eu era jovem tudo se resumia tão facilmente, tudo era tão mais simples e claro? Vamos lá, vamos tentar, vamos viver assim! Se não der certo a gente tenta de novo, a gente tenta de outro jeito! Não havia medo de perder, de inovar, de jogar, de sonhar. Não havia medo de nada, só desejo e coragem intermináveis.
Hoje em dia tudo é diferente. Não me acho velho, tenho trinta e dois anos, mas já sinto algo como a sombra da idade chegando. As coisas mudaram muito. Atualmente preciso pescar incentivo, perder o medo, calcular os riscos, respirar fundo e então tentar algo novo. Não posso errar senão a frustração me derruba.
É o peso das responsabilidades, é a competitividade dos grandes. Não tenho mais a vantagem de poder errar várias vezes. Hoje sou eu quem me sustenta, sou eu o único responsável pelos meus erros, sou eu quem paga o pato.
É claro que tem suas vantagens ser independente, ser adulto, ser responsável. O amadurecimento nos dá serenidade, nos faz mais assertivos, nos dá certo poder, nos dá sentimentos e prazeres mais refinados e duradouros. Mas ─ sem querer abusar do clichê, mas já abusando ─ eu não poderia resgatar um pouco da clareza e da liberdade moral da juventude?
Trecho do livro: COM LICENÇA, NATUREZA
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